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  • Foto do escritorDr. Glauber Leal

Atuais Teorias do Envelhecimento e da Longevidade dos Animais

O envelhecimento é um processo intrínseco e contínuo, e as teorias do envelhecimento são um assunto antigo, que têm sido debatido desde a época dos antigos gregos. Os investigadores sentem agora que não existe uma teoria que explique todos os aspectos do envelhecimento. Em vez disso, várias teorias podem ser combinadas para explicar vários aspectos dos fenômenos complexos que chamamos de envelhecimento.[1]


Por que nós e nossos animais envelhecemos? Nos últimos anos, a investigação científica estabeleceu algumas teorias realmente interessantes sobre o envelhecimento biológico. Por que envelhecemos no nível celular. As principais teorias atuais sobre as causas do envelhecimento, envolvem os seguintes tópicos: Danos no genoma do DNA; Encurtamento de telômeros; Disfunções epigenéticas; Enovelamento incorreto de proteínas; Senescência celular; Esgotamento de células-tronco; Glicação; Vias AMPK; Inflamação; Vias MTOR; Sirtuínas e Genes de longevidade.


E algumas dessas teorias serão descritas a seguir...

Mulher com Cão Sentado

Categorias: Teorias do Envelhecimento


O envelhecimento pode ser visto como uma sequência de eventos que ocorrem desde a concepção até a morte. Todas as categorias de teorias do envelhecimento procuram explicar e explorar as muitas dimensões do envelhecimento.


1. Biológico: Interessado em responder questões fundamentais com relação aos processos fisiológicos que ocorrem em todos os organismos vivos ao longo do tempo (Hayflick, 1996).

2. Sociológico: Observar os papéis e relacionamentos nos quais os indivíduos se envolvem mais tarde na vida.

3. Psicológico: Controlado pela biologia e sociologia; abordar como uma pessoa responde aos compromissos de sua idade (fatores psicológicos dos animais também podem ser categorizados aqui).

4. Moral/Espiritual: Estuda como os indivíduos procuram validar sua existência [3] (a princípio, esta categoria se aplica apenas aos animais humanos, por isso não desenvolverei o texto sobre esse assunto).


Principais Teorias do Envelhecimento

Teorias Biológicas do Envelhecimento


As teorias biológicas preocupam-se em responder a questões relativas aos processos fisiológicos que ocorrem em todos os organismos vivos à medida que envelhecem cronologicamente. Estas mudanças relacionadas com a idade surgem independentemente de quaisquer efeitos externos ou patológicos, e a busca é descobrir estes fatores que provocam o verdadeiro processo de envelhecimento nos organismos.


As Teorias Programadas


1. Longevidade Programada, que considera o envelhecimento como o resultado de uma ativação e desativação sequencial de determinados genes, sendo a senescência definida como o momento em que se manifestam os déficits associados à idade.

2. Teoria Endócrina, onde os relógios biológicos atuam através dos hormônios para controlar o ritmo do envelhecimento.

3. Teoria Imunológica, que afirma que o sistema imunológico está programado para diminuir ao longo do tempo, levando a um aumento da vulnerabilidade a doenças infecciosas e, portanto, ao envelhecimento e à morte.


Teorias de Danos ou Erros


1. A Teoria dos Radicais Livres: Implica o acúmulo gradual de dano celular oxidativo como um fator fundamental do envelhecimento celular. Esta teoria evoluiu ao longo do tempo para enfatizar o papel das mutações do DNA mitocondrial induzidas por radicais livres (mtDNA) e do acúmulo de deleções do mtDNA. Dada a proximidade do mtDNA com a cadeia de transporte de elétrons, produtora primária de radicais livres, postula que as mutações promoveriam a disfunção mitocondrial e concomitantemente aumentariam a produção de radicais livres em um ciclo de feedback positivo. Sabe-se que a dieta, o estilo de vida, as drogas e a radiação, etc., são todos aceleradores da produção de radicais livres no corpo.[4]

2. Teoria do erro: baseada na ideia de que podem ocorrer erros na transcrição da síntese do DNA. Esses erros são perpetuados e eventualmente levam a sistemas que não funcionam no nível ideal. O envelhecimento e a morte do organismo são atribuíveis a esses eventos (Sonneborn, 1979).

3. A Teoria da Ligação Cruzada:[5] também conhecida como Teoria da Glicosilação do Envelhecimento. Nesta teoria é a ligação da glicose (açúcares simples) às proteínas (processo que ocorre na presença de oxigênio) que causa vários problemas. Uma vez que esta ligação tenha ocorrido, a proteína fica prejudicada e é incapaz de funcionar tão eficientemente. Viver uma vida mais longa levará a uma maior possibilidade do oxigênio encontrar a glicose e as proteínas e os distúrbios de reticulação conhecidos incluem catarata senil e o aparecimento de pele rígida, coriácea e amarelada.

4. A Teoria Neuroendócrina:[4][6] Proposta pela primeira vez pelo Professor Vladimir Dilman e Ward Dean MD, esta teoria elabora o desgaste, concentrando-se no sistema neuroendócrino. Este sistema é uma complicada rede de substâncias bioquímicas que governam a liberação de hormônios que são alterados pela pequena glândula chamada hipotálamo, localizada no cérebro. O hipotálamo controla várias reações em cadeia para instruir outros órgãos e glândulas a liberarem seus hormônios, etc. O hipotálamo também responde aos níveis hormonais do corpo como um guia para a atividade hormonal geral. Mas à medida que envelhecemos, o hipotálamo perde a sua capacidade reguladora de precisão e os receptores que captam os hormônios individuais tornam-se menos sensíveis a elas. Assim, à medida que envelhecemos, a secreção de muitos hormônios diminui e a sua eficácia também é reduzida devido à degradação dos receptores.

5. A Teoria do Envelhecimento da Membrana: De acordo com esta teoria, são as mudanças da idade, relacionadas à capacidade da célula de transferir substâncias químicas, calor e processos elétricos que a prejudicam. À medida que envelhecemos, a membrana celular torna-se menos lipídica (portanto mais sólida). Isto impede a sua eficiência para conduzir a função normal e, em particular, há uma acumulação tóxica

6. A Teoria do Declínio: As mitocôndrias são as organelas produtoras de energia encontradas em cada célula de cada órgão. Seu trabalho principal é criar trifosfato de adenosina (ATP) e eles fazem isso nos vários ciclos de energia que envolvem nutrientes como acetil-L-carnitina, CoQ10 (idebenona), NADH e algumas vitaminas B, etc. O aprimoramento e a proteção das mitocôndrias são uma parte essencial da prevenção e retardamento do envelhecimento. O aprimoramento pode ser alcançado com os nutrientes mencionados acima, bem como com os próprios suplementos de ATP.


Teorias Emergentes


1. Controle Neuroendócrino ou Teoria do Marca-passo: O sistema neuroendócrino controla muitas atividades cruciais relativas ao crescimento e desenvolvimento. Os pesquisadores estão investigando os papéis que o hipotálamo e os hormônios DHEA (dehidroepiandrosterona) e melatonina desempenham no processo de envelhecimento. O DHEA, secretado pelas glândulas adrenais, diminui ao longo da vida de um indivíduo. Administrar esse hormônio a ratos de laboratório aumenta a longevidade, reforça a imunidade e faz com que os animais pareçam mais jovens. Esses ratos também comeram menos, então possivelmente ratos alimentados com DHEA apresentam o efeito da restrição calórica. A melatonina, um hormônio produzido pela glândula pineal, é um regulador dos ritmos biológicos e um poderoso antioxidante que pode melhorar a função imunológica. O nível de produção de melatonina no corpo diminui drasticamente desde logo após a puberdade até a velhice, em todos os mamíferos.

2. Teoria Metabólica do Envelhecimento/Restrição Calórica: Esta teoria propõe que todos os organismos têm uma vida metabólica limitada e que organismos com uma taxa metabólica mais elevada têm uma vida útil mais curta. Pesquisas que mostram que certos peixes, quando a temperatura da água é baixa, vivem mais do que seus equivalentes de água quente são usadas para validar isso. Extensas experiências sobre os efeitos da restrição calórica em roedores demonstraram que a restrição calórica aumenta a expectativa de vida e retarda o aparecimento de doenças dependentes da idade.

3. Pesquisa relacionada ao DNA: Dois desenvolvimentos estão ocorrendo neste momento em relação ao DNA e ao processo de envelhecimento: Um, à medida que os cientistas continuam a mapear o genoma de diversas espécies, eles estão identificando certos genes que desempenham um papel no processo de envelhecimento: Dois, a descoberta de telômeros, localizados nas extremidades dos cromossomos, que podem funcionar como relógios biológicos das células (Hayflick, 1996).[3]


Teorias Psicológicas


Influenciado pela biologia e pela sociologia; abordar como um indivíduo (principalmente humanos, porém com aplicações também para animais) responde às tarefas e interações no seu grupo conforme os anos passam e sua idade avança [3]. Curiosamente, as primeiras teorias conhecidas sobre o envelhecimento eram conhecidas como teorias psicológicas. [8] Elas incluem:


1. Teoria das Necessidades: enfoca o fato de que o comportamento é motivado por suas necessidades. Nomeadamente; fisiológico, segurança e proteção, amor e pertencimento, autoestima e atualização.[8][9]

2. Teoria do curso de vida (desenvolvimento da expectativa de vida): surgiu na década de 1980 por psicólogos comportamentais (de humanos) que decidiram mudar do desenvolvimento da personalidade como base para a compreensão do envelhecimento para o conceito de “curso de vida”. Essa teoria divide o curso de vida em padrões previsíveis de estágios que são formados de acordo com objetivos, relacionamentos e valores internos. Esta teoria centra-se na inter conectividade do indivíduo e da sociedade.[10]

3. Teoria do Desengajamento: Refere-se a um processo inevitável no qual muitas das relações entre um indivíduo e outros membros do seu grupo ou sociedade são rompidas e as restantes são alteradas em qualidade. A retirada pode ser iniciada pelo idoso ou pela sociedade, e pode ser parcial ou total. Observou-se que os idosos estão menos envolvidos com a vida social do que quando eram adultos mais jovens. À medida que os indivíduos envelhecem, eles experimentam um distanciamento maior da sociedade e desenvolvem novos tipos de relacionamentos com a sociedade. Esta teoria é reconhecida como a primeira teoria formal que tentou explicar o processo de envelhecimento.[11]

4. Teoria da Atividade: descreve o processo de envelhecimento psicossocial. enfatiza a importância da atividade social contínua. Sugere que o auto conceito de um indivíduo está relacionado com os papéis desempenhados por ele.[12]


Algumas dessas teorias não tem base direta na vida dos cães e gatos. Mas podemos traçar raciocínios lógicos que reforçariam paralelos convincentes para tirarmos aplicações práticas para utilizarmos na melhoria da vida dos nossos pets. Já que são também mamíferos, e já que também dependem de suas estruturas sociais para uma estabilidade comportamental/emocional.


Referências:


1. Viña J, Borrás C, Miquel J. Theories of ageing. IUBMB life. 2007;59(4‐5):249-54. Available:https://iubmb.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1080/15216540601178067 (accessed 1.12.2022)

2. Lance Hitchings. Biological Aging Theories | Causes Of Ageing Available from: https://www.youtube.com/watch?v=CprWXAQZRTc (last accessed 2.12.2022)

3. Nurse key Theories of Ageing Available:https://nursekey.com/theories-of-aging-3/ (accessed 2.12.2022)

4. Weinert BT, Timiras PS. Invited review: theories of aging. Appl Physiol. 2003; 95: 1706–1716. Accessed 25 September.

5. Zs.-Nagy I, Nagy K. On the role of cross-linking of cellular proteins in aging. Mech Ageing Dev. 1980; 14 (1–2): 245-251.

6. Dean W. Neuroendocrine Theory of Aging: Chapter 2 Adaptive Homeostat Dysfunction. Accessed 25 September 2018 fromhttps://warddeanmd.com/articles/neuroendocrine-theory-of-aging-chapter-2/

7. Zimmer Z, Jagger C, Chiu CT, Ofstedal MB, Rojo F, Saito Y. Spirituality, religiosity, aging and health in global perspective: A review. SSM-population health. 2016 Dec 1;2:373-81.Available:https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352827316300179 (accessed 2.12.2022)

8. Lange J, Grossman S. Theories of aging. Gerontological nursing competencies for care. 2010 Oct 25:50-73.

9. Thielke S, Harniss M, Thompson H, Patel S, Demiris G, Johnson K. Maslow’s hierarchy of human needs and the adoption of health-related technologies for older adults. Ageing international. 2012 Dec;37(4):470-88.

10. Meiner SE. Gerontologic nursing-e-book. Elsevier Health Sciences; 2013 Aug 7.

11. Achenbaum WA, Bengtson VL. Re-engaging the Disengagement Theory of Aging: on the history and assessment of theory. Development in Gerontology. Gerontologist. 1994; 34(6): 756–763.

12. Diggs J. Activity Theory of Aging. In: Loue S.J., Sajatovic M. (eds) Encyclopedia of Aging and Public Health. Springer, Boston, 2008.

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